sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de
como amar alguém além de nós mesmos;
de como mudar nossos piores defeitos
para darmos os melhores exemplos e,
de aprendermos a ter coragem.  

Isto mesmo!
Ser pai ou mãe é
o maior ato de coragem que alguém pode ter,
porque é se expor a todo tipo de dor,
principalmente da incerteza de estar agindo corretamente,
e do medo de perder algo tão amado.

Perder? ComoNão é nosso, recordam-se?
Foi apenas um empréstimo".

por José Saramago

Reflexão

domingo, 9 de outubro de 2011

SOCIEDADE BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA

 Foi com muito entusiasmo que tivemos acesso à última proposta de alteração da Matriz Curricular para o Ensino Médio divulgada pelo Governo do Estado de São Paulo em setembro do presente ano. O documento, de autoria da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), foi construído com base no princípio da isonomia entre as três grandes áreas do conhecimento, o que atende a uma das reivindicações históricas da Comissão de Ensino da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). A proposta ainda permite que, no terceiro ano, o estudante possa dedicar maior quantidade de horas a sua área de interesse (Linguagens e Códigos; Ciências da Natureza e Matemática; ou Ciências Humanas). Entendemos que não se trata de defender especificamente disciplinas que compõem essas áreas, considerando que algumas têm maior importância que outras, mas sim de reconhecer a importância que elas podem ter na formação dos alunos do Ensino Médio. A Sociologia não veio para dividir o espaço no currículo com as outras disciplinas; ela retoma o seu lugar para afirmar que sua presença fez e fará diferença no currículo do Ensino Médio.
A luta da SBS, coordenada pela sua Comissão de Ensino, e de diversas entidades representativas dos sociólogos para a volta da Sociologia no currículo do Ensino Médio foi motivada pelo reconhecimento da importância que essa disciplina pode ter – e está tendo nos últimos dois anos – na formação dos jovens alunos desse nível de ensino. A Comissão de Ensino da SBS tem ajudado a multiplicar esforços em vários estados do país para resolver os problemas relacionados com o ensino da Sociologia, com a realização de encontros e seminários e promovendo o debate sobre proposta curricular, materiais e métodos de ensino e inúmeras outras questões que marcam o cotidiano na escola Além disso, nas diferentes instituições de ensino superior tem crescido o número de laboratórios de ensino dedicados a estabelecer o vínculo entre a licenciatura no ambiente universitário e o que ocorre na sala de aula, especialmente nas escolas públicas. Assim, o trabalho com os professores de sociologia no ensino médio procura resgatar a experiências desses professores e contribuir para a ampliação de seus conhecimentos. Verificamos, ainda, o aumento do número de pesquisas sobre o ensino de sociologia nos programas de pós-graduação, adensando, assim, o conhecimento a respeito das questões levantadas em nossos debates. Como se pode notar, o ensino de Sociologia extrapola hoje o espaço escolar, com implicações na reorganização dos cursos de ciências sociais - especialmente das Licenciaturas - e até nos cursos de pós-graduação. Tudo isso revela, a nosso ver, a preocupação e o compromisso dos sociólogos no sentido de garantir um ensino de qualidade dessa disciplina.
Diversas pesquisas têm mostrado que o principal problema verificado na implantação da Sociologia no Ensino Médio tem sido a carga horária reduzida que inviabiliza a construção de um projeto pedagógico e de uma proposta curricular de acordo com as necessidades dos estudantes. Esta visão foi compartilhada pelos cerca de 250 professores que participaram do II Encontro de Ensino de Sociologia, realizado no último dia 26 de setembro, em São Paulo.
Pelo exposto, a SBS vem por meio de esta Carta Aberta manifestar seu apoio à proposta de alteração da matriz curricular apresentada pelo Governo de São Paulo, afirmando sua importância para que possamos, juntos, melhorar o Ensino Público no país.

São Paulo,  de outubro de 2011

COMISSÃO DE ENSINO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA

domingo, 18 de setembro de 2011

Utopia

"A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".


Eduardo Galeano

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dia do Estudante

Hoje, 11 de agosto é comemorado o dia do estudante. Penso que esse dia deveria ser comemorado de forma diferente, com estudantes manifestando nas ruas, protestando contra as injustiças sociais cometidas contra os jovens, sobretudo, os das classes populares. Protesto contra a Homofobia, contra o Racismo, contra toda e qualquer forma de discriminação. Um protesto PELA PAZ.

PAZ PELA PAZ, como disse Nando Cordel em sua música.

No entanto, sei que não temos ainda uma organização social e política que dê conta destes protestos ou manifestações. Mas acredito que diariamente podemos fazer essas "manifestações" (de forma diferente), através de atitudes positivas em relação ao outro e a si mesmo.

A paz começa em cada um de nós. Pode até parecer um jargão, mas acredito muito nisso. Acredito na ideia de que podemos fazer a diferença no mundo respeitando uns aos outros, respeitando o meio em que vivemos, respeitando a nós mesmos. E isso não significa "ser vaquinha de presepio". Significa agir diferente, lutar com outras armas para fazer um mundo novo.

"Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe, faz a hora não espera acontecer..." (Geraldo Vandré).

Desejo muita reflexão neste dia do estudante. Façamos acontecer a revolução agora mesmo...

Saudações Sociológicas!!!!

Fabíola Cerqueira

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Por relações mais democráticas nos espaços públicos

No dia 06 de julho de 2011, foi realizada na Assembléia Legislativa do Espírito Santo, uma sessão especial para discutir a temática "Violência escolar e o fenômeno bullying", com a especialista Cleo Fante. A proponente desta sessão foi a deputada Solange Lube.

Estive lá e realmente a palestra da professora Cléo Fante foi esclarecedora. A pesquisadora contribuiu rompendo com o discurso do senso comum que aponta que qualquer situação de conflito se configura como bullying, o termo da moda. O tema foi apresentado com simplicidade e clareza. Acredito que os estudantes presentes conseguiram acompanhar e esclarecer suas dúvidas em relação à temática.

No entanto, não pude deixar de me frustar, pois, na minha avaliação, houve vários equívocos na condução dos trabalhos. Em primeiro lugar, em relação ao desrespeito ao público presente (alunos, professores, coordenadores, diretores, etc) que foram convidados para uma sessão às 14h que se iniciou próximo das 15h.

Em segundo, num momento que se propõe a ser democrático, o tempo de escuta e de fala deveriam ser equilibrados. Um assunto importante como o que foi tratado na referida sessão não poderia ser "debatido" com questões objetivas, sem contextualização, sem problematização. Na verdade, não houve debate e sim uma "escolha" das perguntas as quais seriam respondidas pela professora Cléo Fante.

Por que minha indignação? Pois bem, vamos aos fatos. Nos foi entregue a cópia da lei que institui o dia de conscientização contra o bullying (Lei Nº 9.653/2011, D.O. de 29/04/2011). A deputada Luzia Toledo nos solicitou idéias sobre o que fazer para "comemorar" este dia ano que vem. A conscientização contra o bullying deve ser diária e insistente. Sei que a data é simbólica, mas receio que mais uma data simbólica seja criada, como já acontece com a consciência negra, o dia internacional das águas e por aí vai. Não precisamos de ações pontuais. Isso nós já fazemos. A representante da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Espirito Santo (SEDU) disse que os professores recebem capacitação e isso não é verdade. Se há ação na escola sobre este tema, se há formação é porque as escolas, de forma pontual, realizam. Não há uma intencionalidade institucional.

A professora Cleo Fante falava da participação da comunidade escolar na construção de regras coletivas (foi isso que entendi), mas a SEDU impõe um Regimento Comum a todas as escolas da Rede Estadual, desconsiderando as especificidades.

Não seria ali, naquela sessão, na presença daqueles sujeitos, um espaço oportuno para dialogar sobre todas essas questões?

Outra questão: A Deputada Solange Lube disse que, juntamente com o Deputado Da Vitória, por comporem a Comissão de Educação, tem tido a oportunidade de conhecer melhor as escolas e as superintendências do Estado. Nossos jovens ficam 5 horas na escola, sentados em cadeiras desconfortáveis, em ambientes depredados, o que os desmotivam, inclusive a acreditar que é possível mudar. A proposta de uma cultura de paz pressupõe uma cultura de direitos humanos que deve garantir educação de qualidade que passa por espaço físico adequado para que os jovens fiquem por mais tempo na escola, assim como valorização profissional, o que inclui formação em serviço.

Poderiamos ter debatido ali, como implantar uma cultura de paz nas nossas escolas. A professora Cleo Fante deu os passos, os caminhos, mas trilhá-los sem comprometimento político não é possível, pois a escola sozinha não dá conta. Aém disso, os tempos/espaços da escola são rígidos e dificultam algumas ações.

Como professora de Sociologia da EEEFM Aristóbulo Barbosa Leão, localizada no município de Serra, tenho tido experiências muito positivas com os alunos, no entanto, sei que há muito o que fazer. Sei que a cultura de paz não é construída de um dia para o outro. Não é milagre. É um fazer diário. Criei um blog para dialogar com os jovens alunos sobre esse e outros temas (sociologiaabl.blogspot.com).

Sou também pesquisadora na área de violência escolar. Defendi minha dissertação de mestrado ano passado e acredito que foi na pesquisa de campo, com jovens, que aprendi a ser professora. Gostaria muito de dialogar sobre essas e outras questões, com aqueles que compartilham comigo  o interesse pela educação, pelos direitos humanos, por uma cultura de paz e por uma valorização dos nossos jovens.

Fica aqui o desabafo, já que ontem não pude me manifestar na referida sessão. Me neguei a fazer uma pergunta objetiva, superficial, sobre uma questão que merece DEBATE. Debate é ação sem a qual uma sociedade democrática não pode abrir mão. Diálogo pressupõe fala e escuta.... e aí, vamos dialogar?


domingo, 5 de junho de 2011

Movimento estudantil em Vitória/ES (1)

A todo momento temos acesso a textos, entrevistas, fotos, vídeos e opiniões diferentes a respeito das recentes manifestações dos estudantes na cidade de Vitória/ES.

Segue o link para o texto "O Movimento Estudantil da UFES é nota 10!!... O DCE-UFES nota ZERO!", de Ricardo Tristão: http://blogdoricardotristao.blogspot.com

Precisamos estar atentos aos discursos midiáticos que tentam a todo custo manipular a opiião pública contra a manifestação dos estudantes, desqualificando o movimento estudantil.

Conflitos da polícia com a sociedade: as formas de controle social sobre as ações policiais

Veja abaixo reportagem especial publicada no Gazetaonline:

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/06/noticias/especiais/871411-conflitos-da-policia-com-a-sociedade-as-formas-de-controle-social-sobre-as-acoes-policiais.html

sábado, 4 de junho de 2011

Estudantes são violentamente reprimidos por Batalhão de Missões Especiais em manifestação pela redução da passagem em Vitória (ES)

Por Luciana Silvestre Girelli*

“No dia 02/06, Vitória vai parar”. Essa era a frase colada nos pontos de ônibus de Vitória (ES), há cerca de dois meses, pelo Movimento Passe Livre (MPL) e organizações estudantis, anunciando o dia de luta pela redução do preço da passagem e pelo passe livre. Confirmando o indicativo, na manhã de ontem, os estudantes iniciaram os protestos fechando as vias de acesso ao Centro de Vitória, em frente ao Palácio Anchieta, e foram violentamente retirados pelo Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar.

As manifestações pela redução da passagem e em protesto contra a repressão policial continuaram no período da tarde, na Avenida Fernando Ferrari, em frente à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Cerca de 200 estudantes protestavam na avenida, quando o BME atirou bombas e balas de borracha, atingindo as pessoas que estavam nas dependências do campus da Ufes, incluindo prédios de salas de aula, o Teatro Universitário e o Centro de Vivência. Muitos estudantes sofreram ferimentos e tiveram que ser hospitalizados.

De acordo com o integrante do Diretório Central dos estudantes da UFES, Vitor César Noronha, a pauta que estava focada no movimento estudantil se expandiu para toda a sociedade, pois o governo do Estado promoveu uma série de ações violentas contra os movimentos sociais, o que se explicitou no ato de ontem. Ele também reiterou que, a partir de agora, o movimento vai reivindicar a liberdade de organização e a desmilitarização da polícia. “Acreditamos que deve haver uma intervenção no ES, devido às ações de desrespeito aos diretos humanos e à Constituição Federal”, falou Vitor.

“Estive na manifestação e percebi a tropa de choque ensandecida. Não foi a primeira vez que a polícia atacou os movimentos sociais dessa forma, o que é muito grave”, afirmou o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Gilmar Ferreira. Ele disse também que o Estado tem consolidado a prática de violação de direitos humanos e que o governo estadual precisa abrir o diálogo com os movimentos sociais.

Para o advogado e integrante do Conselho Estadual da Criança e Adolescente, André Moreira, foi utilizada uma força muito além da necessária para conter o protesto. “O governo estadual escolheu a pior forma de resolver o problema, que foi pelo uso da violência. Ele deveria ter aproveitado a pauta dos estudantes para solucionar o problema do transporte público no Espírito Santo”, opiniou André.


Ufes é bombardeada pela Polícia Militar. Após a violenta repressão contra os estudantes em frente ao Palácio Anchieta, no Centro de Vitória, o BME atirou bombas e balas de borracha contra os estudantes que paralisavam a Avenida Fernando Ferrari, em frente à UFES, na tarde de ontem. Mesmo após os estudantes terem deixado a pista, o BME continuou atirando para dentro do campus universitário.

“A gente estava na rua fazendo movimento pacífico, quando o choque jogou bombas de gás. A Ufes parecia um campo de guerra. Muita gente que nem estava na manifestação se machucou”, registrou a estudante de Ciências Sociais da Ufes,  Macely Schun.

Conforme depoimento do professor do Departamento de Matemática, Leonardo Meireles Câmara, o BME jogou diversas bombas do lado de fora da universidade, atingindo diversas pessoas. “Eu disse que eles estavam cometendo um crime federal e que não poderiam adentrar para a universidade. Falei que era professor e eles me ameaçaram, apontando a arma em minha direção”, relatou Leonardo. Ele reiterou que é necessário punir os responsáveis pelo ocorrido e que a universidade deve entrar com as medidas cabíveis.

De acordo com a professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento, Mariane Lima de Souza, no momento dos ataques do BME, estava ocorrendo uma sessão de filmes infantis para crianças de 3 a 6 anos, de várias escolas de Vitória, no Teatro Universitário. “As crianças não sabiam o que estava acontecendo e um funcionário do teatro estava recebendo um número grande de pais e professores que estavam desesperados, pois não sabiam se saíam do espaço com as crianças ou permaneciam no local”, relatou a professora. Ela disse que ficou assustada com o despreparo da polícia para lidar com essa situação e afirmou que é inadmissível pensar em ações de extrema violência em espaço de grande circulação de pessoas.
Em nota oficial, o reitor em exercício da UFES, Reinaldo Centoducate, afirmou que o episódio entre o BME e os manifestantes acabou causando conseqüências para estudantes, servidores técnicos, professores e visitantes que passavam na área do campus e que não tinham qualquer participação no evento. Para a Administração Central da UFES, o campus da universidade, seus professores, servidores, estudantes e visitantes, não podem sofrer conseqüências físicas e morais diante de um episódio ocorrido numa via pública.

Estudantes são encurralados nas calçadas e retirados de dentro dos ônibus pelo BME. Após a violenta repressão em frente à universidade, os estudantes caminharam em direção ao pedágio da Terceira Ponte, que já havia sido fechada com cerca de 100 policiais. O BME partiu em direção aos manifestantes que foram encurralados nas ruas e calçadas. “Ficamos cercados pelo BME por todas as ruas. De um lado, havia o batalhão de choque, de outro, havia a cavalaria e ainda tinha as bombas e sprays de pimenta”, relatou o estudante de Ciências Sociais da UFES, Fernando Leal.

Para se refugiar da ação violenta, muitos estudantes entraram nos ônibus, mas alguns foram retirados à força e presos. “A cavalaria da polícia veio em direção aos estudantes para prender e não para dispersar. Os estudantes foram algemados e presos e sofreram várias violações de direitos humanos”, afirmou a assistente social que participava da manifestação, Camila Valadão. No final do dia, cerca de 27 estudantes haviam sido presos, mas foram liberados durante a madrugada devido à pressão do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CDDH) e de advogados parceiros dos movimentos sociais.


Movimento estudantil organizado e movimentos sociais integram manifestações na cidade. Ao contrário do que a mídia local tem repercutido, o movimento pela redução da passagem é integrado por diversas organizações estudantis, incluindo o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFES, vários Centros e Diretórios Acadêmicos, executivas e federações de curso e o Movimento Passe Livre (MPL). “Várias organizações e movimentos sociais estão na luta pela redução da passagem, pois essa é uma pauta de interesse de toda a sociedade”, afirmou o diretor de Articulação do DCE da UFES, Raphael Sodré.

Além disso, esse movimento conta com o apoio de diversos movimentos sociais no Espírito Santo. Até o momento, já manifestaram apoio a essa luta o Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Movimento Nacional dos Direitos Humanos, UNEGRO- ES, Movimento Terra e Liberdade, Consulta Popular, Círculo Palmarino, Assembléia do Movimento Negro, Sindicato dos Jornalistas do Estado do Espírito Santo, Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Sindicato dos Bancários do ES, André Moreira - presidente do Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente, Fórum Juventude Negra, Comissão de Direitos Humanos da OAB, Intersindical Nacional, Força Sindical, Diretório Central dos Estudantes da UFES, Adufes.


Melhoria do transporte público é a pauta de fundo do movimento. Além da redução do preço da passagem e do direito ao passe livre, o movimento traz para a pauta da sociedade o debate sobre o transporte público e da mobilidade urbana. “A questão de fundo do movimento é a qualidade do transporte urbano, o que reflete diretamente na qualidade de vida da população urbana”, falou o secretário geral do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, Carlos Araújo. Ele reiterou que essa pauta ganhou a sociedade na medida em que os estudantes foram à rua por um projeto alternativo de transporte, o que não tem sido apresentado pelo governo estadual.


Novas manifestações estão previstas para hoje. Conforme deliberação da Assembleia de estudantes realizada no final da tarde de ontem, hoje ocorrerá um novo Ato pela redução do preço das passagens e contra a violência policial. A concentração será às 17 horas, em frente ao Teatro Universitário, na UFES.


Luciana Silvestre Girelli – Jornalista da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (ADUFES)




Confira os vídeos.


De manhã, em frente ao Palácio do governo, no Centro de Vitória:

De tarde, na Ufes:

À noite, na Avenida Cesar Hilal, próximo à 3ª ponte. 



Reportagens:

sábado, 19 de fevereiro de 2011

"JUVENTUDE, VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E CORPO: DESVELANDO RELAÇÕES DE PODER NO COTIDIANO ESCOLAR"


Resumo
Este trabalho objetiva investigar as relações entre juventude, padrão do corpo perfeito e violência simbólica no ambiente escolar, relações que merecem atenção, principalmente se forem levados em consideração os constantes esforços da mídia em reforçar os modelos de “corpo perfeito”, excluindo todos os que fogem à “fôrma”. Privilegia a discussão do corpo na perspectiva da cultura, numa abordagem antropológica, visando a perceber a relação desse corpo com os processos de sociabilidade juvenil, no ambiente escolar, sobretudo sua relação com a manifestação da violência. Toma como sujeitos da pesquisa jovens alunos(as) das três séries do Ensino Médio Básico, de uma escola da Rede Pública Estadual da cidade de Vitória/ES. Adota um estudo de caso do tipo etnográfico, combinando as seguintes técnicas para coleta dos dados: aplicação de questionário, observação, registro minucioso em diário de campo, grupos focais e entrevistas individuais semiestruturadas. Observa que jovens são cotidianamente discriminados(as), ridicularizados(as) e rejeitados(as), sobretudo pelos(as) próprios(as) colegas, por não se encaixarem nos padrões de corpo perfeito. Constata que esse processo de discriminação é reforçado pela escola e pelos(as) profissionais que lá estão quando negligenciam tal conduta, quando não problematizam ou mesmo quando não dão o atendimento adequado aos sujeitos vítimas de tais exclusões, permitindo que atitudes dessa natureza se repitam continuadamente. Constata ainda que as estratégias utilizadas por esses(as) jovens são bem variadas: há os(as) que se isolam na tentativa de se tornarem invisíveis aos olhos alheios, os(as) que agridem, os(as) que levam na brincadeira e há também quem não aguente a pressão e prefira abandonar a escola. Dialoga com os(as) seguintes autores(as): José Machado Pais, Mario Margulis, Luiza Mitiko Yshiguro Camacho, Juarez Dayrell, Pierre Bourdieu, Marilena Chaui, Michel Foucault, Claude Fischer, José Carlos Rodrigues, Everardo Rocha, entre outros(as).

Palavras-chave: Jovens. Escola. Violência simbólica. Corpo.

Veja a dissertação completa acessando o link:
http://www.ppge.ufes.br/dissertacoes/2010/FABIOLA%20DOS%20SANTOS%20CERQUEIRA.pdf

sábado, 22 de janeiro de 2011

Conversando sobre sexualidade com jovens


Sexualidade não é só sexo. A sexualidade se desenvolve ao longo da vida. Encontra-se marcada pela cultura, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se com singularidade em cada sujeito. Falar de sexualidade é, ao mesmo tempo, falar do individual e do cultural: crenças, valores, emoções. Sexualidade tem a ver com desejo, busca de prazer inerente a todo ser humano. 

É uma forma de expressão, comunicação e afeto. Sexualidade se expressa a todo momento, em cada gesto, atitude e comportamento. Essas experiências nos fazem amadurecer e nos enriquecem, preparando-nos para o encontro com o outro, para a intimidade e o vínculo afetivo.

Mudanças comportamentais dos jovens no contexto social atual e o desconhecimento que eles apresentam em assuntos relacionados à sexualidade; a idéia de que as DSTs/AIDS estão associadas apenas aos homossexuais masculinos, usuários de drogas e prostitutas; a gravidez precoce, mostram a necessidade de se trabalhar junto à comunidade escolar à fim de que ela tenha acesso a informação, educação e promoção da saúde, principalmente porque o jovem acredita que as coisas acontecem com os outros mas não com ele.

Podemos observar que o comportamento sexual hoje é diferente do passado e segundo vários autores estudados, a transformação dos padrões de relacionamento sexual ocorrerá se essa educação for uma prática de autonomia entendida como desenvolvimento de atitudes e valores próprios e da consciência de que cada um pode e deve fazer escolhas pessoais e responder por elas. Dessa forma, a orientação sexual deve ser um momento de instrumentalização para a vida sexual e não apenas discorrer sobre itens de comportamentos preventivos.

O projeto “JUVENTUDE, SEXUALIDADE E AFETIVIDADE: construindo novas relações sociais”, teve início no dia 27 de agosto, com jovens alunos(as) do terceiro ano da EEEFM Maria Olinda de Oliveira Menezes, localizada em Cidade Continental, município de Serra/ES. Os encontros com os(as) jovens aconteceram uma vez por semana, nas aulas de JET – Juventude, Educação e Trabalho.

O primeiro passo foi passar o documentário "Meninas", que gerou um debate bem interessante e me deu pistas de que eles não tinham tantas informações quanto achamos. A seguir trabalhei uma técnica sobre vulnerabilidade. 

Passei o vídeo "Uma vezinha só" e o debate pegou fogo!! Neste dia eles me disseram que estavam cansados de projetos sobre sexualidade que só falavam o que eles já sabiam. Disseram também que não é fácil falar sobre suas dúvidas. Foi então que combinamos de levar uma caixa para a sala de aula onde eles depositariam suas dúvidas. E foram muitas dúvidas, principalmente sobre prevenção a gravidez e doenças, dúvidas sobre preservativos. Comecei então a tirar as dúvidas deles, respondendo, na medida do possível, suas dúvidas e aprofundando algumas questões. 

Em parceria com a pedagoga da escola, tentamos uma aproximação com a unidade de saúde, mas não obtivemos sucesso. Encontramos profissionais desinteressados e preconceituosos. O jovem é visto de forma estigmatizada e não há planejamento para atendê-los na unidade de saúde do bairro. Pensam que atender adolescente é disponibilizar um ginecologista. O jovem é visto por eles somente através da gravidez... pode? Na verdade, apenas a menina é vista (pelo viés da gravidez). O menino é totalmente invisível.

Meu relacionamento com a turma melhorou muito... e as alunas passaram a me procurar para falar sobre suas dúvidas, sobre seus relacionamentos afetivos. Ganhei a confiança delas. O projeto foi encerrado em dezembro.

Valeu, galera!!!!  Saudações sociológicas!

Sobre a violência escolar


Há algum tempo venho estudando a problemática da violência no contexto escolar, abordando-a na perspectiva do estudante, preocupada com as relações de poder existentes naquele espaço. No entanto, nunca perdi de vista que as relações entre estudantes e professores poderiam se dar de formas desiguais tanto tendo o professor como elo “superior” quanto o aluno. Ou seja, ao mesmo tempo em que presenciamos estudantes sendo vítimas de violência por parte de professores cujas posturas são autoritárias e inflexíveis, temos também professores sendo vítimas de estudantes que utilizam da coação, da ameaça e da intimidação.

Recentemente eu passei por esta situação e devo confessar que a experiência não foi nada agradável. Um aluno não alcançou a média trimestral (daí ter ficado em recuperação), não gostou e saiu pelos corredores da escola proferindo a seguinte frase “Não vou deixar baixo!”. Os pais foram chamados à escola e o jovem de 17 anos admitiu que realmente falou, no entanto, não soube explicar o que queria dizer, no que o pai ajudou: “Vai bater na professora? Vai arranhar seu carro? O que vai fazer, meu filho?” Mas ele não sabia dizer. Quando se sentiu pressionado levantou-se e começou a me xingar e a fazer novas ameaças.

Durante todo o ano letivo esse jovem mostrou-se não adequar-se às normas da escola. Colocou bomba no banheiro da escola, “matava” aula, furtou objetos de professores, colocou “tachinhas” na cadeira de professores e, por fim, fez ameaças. Não há uma política que perceba essas ações como de responsabilidade da escola. Acabam sendo individualizadas nas supostas “vítimas”. Assim, se ele furtou um objeto de um funcionário, o problema deve ser resolvido por este funcionário, mesmo que o furto tenha se dado na escola. Se ele colocou “tachinhas” na cadeira da professora e a ameaçou, ela deve registrar um “B.O. para se prevenir”. Não há ações pensadas pelo/para o coletivo.

Não vou aqui discutir as supostas razões que levaram o jovem a me ameaçar. Sinceramente esperava que fosse possível o diálogo, que ele expusesse suas razões, mas, ao contrário, a tentativa de diálogo fez um “estrago” maior, uma vez que ele reforçou as ameaças.

Aqui quero apenas destacar que o professor, quando desrespeitado no exercício de sua profissão sente-se só. E é uma solidão estranha, pois em alguns momentos é visto como causador de sua própria dor. É importante termos em vista que a violência não pode ser analisada de forma unilateral. Há que se avaliar todos os lados e garantir atendimento/acolhimento para todos os lados envolvidos sejam alunos ou professores.

“Resistir, resistir até a tarifa cair”

Nesta semana, o movimento estudantil foi, mais uma vez, às ruas protestar contra o aumento das tarifas do transporte coletivo na Grande Vitória. “Resistir, resistir até a tarifa cair” e “Se a passagem não baixar, a cidade vai parar” eram as palavras de ordem dos estudantes, que fecharam ruas e dividiram a opinião pública, entre os que apoiavam a manifestação e os que desaprovavam.

Todo ano é a mesma coisa. As negociações em torno do aumento das tarifas se dão durante as férias escolares o que impede que haja uma maior participação dos estudantes. É uma forma de evitar que esse grupo se organize contra os aumentos.
 
 foto: Fábio Vicentini - GZ
Essa luta não é apenas dos estudantes, mas de toda sociedade capixaba. Precisamos estar mais atentos a essa manifestação e a forma como as autoridades tem lidado com ela. Na sexta-feira, 21, a tropa de choque foi às ruas acompanhar a movimentação dos estudantes, o que pode ser interpretado como uma forma de coação. De acordo com o que foi publicado no site www.gazetaonline.com.br, em 21 de janeiro, quando o carro de som dos manifestantes foi posicionado de forma que impedia o acesso à Terceira Ponte, “a tropa de choque foi posicionada e chegou a fazer alguns procedimentos de intimidação - marchando e batendo nos escudos - contra o grupo que protestava, que sem querer o confronto se sentou no alfalto e de braços levantados pediam a queda da tarifa do Sistema Transcol”.

 
“Até quando você vai ficar usando rédea
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea
Pobre, rico ou classe média?
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura
 


(Gabriel O Pensador)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sociologia no Ensino Médio VI


O Projeto “Os diferentes modos de ser jovem” foi desenvolvido nas aulas de Sociologia nas turmas do 3º ano, matutino, da EEEFM Maria Olinda de Oliveira Menezes, localizada no município de Serra, objetivando compreender as diferentes maneiras de ser jovem. Este projeto foi elaborado e coordenado pela professora da disciplina de Sociologia, Fabíola dos Santos Cerqueira e foi desenvolvido no terceiro trimestre de 2010.

Os alunos foram divididos em grupos e pesquisaram sobre diferentes grupos juvenis. Em seguida fizeram uma apresentação sobre o modo como os diferentes grupos juvenis vivenciam a sua juventude. Os temas apresentados foram: juventude nos anos 60, a juventude e o funk, a juventude e o rock, a juventude gospel, a juventude e o hip hop, a juventude e o pagode, dentre outros.

Os jovens tendem a aglutinar-se para marcar a sua identificação com um grupo (criando seus “dialetos”, seus modos de vestir e se comportar) e também para se diferenciar dos adultos. É na formação dessas redes de sociabilidade que se criam as diferentes formas de ser jovem, que se diferenciam das formas de ser adulto.

Este projeto permitiu que os alunos compreendessem que a juventude não é apenas uma faixa etária, mas uma categoria socialmente construída, sujeita a modificar-se ao logo do tempo, uma vez que recebe influências econômicas, sociais, políticas e culturais. Isso implica afirmar que não há uma única forma de ser jovem. Daí falarmos em juventudes, no plural, com o intuito de identificar as diversas formas de se vivenciar os modos de ser jovem.

Sociologia no Ensino Médio V


O Projeto “Faça a diferença!” foi desenvolvido nas aulas de Sociologia e Filosofia nas turmas de EJA (1ª, 2ª e 3ª etapa), noturno, da EEEFM Maria Olinda de Oliveira Menezes, localizada no município de Serra.

A partir das temáticas desenvolvidas em cada uma das etapas de EJA durante as aulas de Sociologia e Filosofia, os alunos, divididos em grupos, foram solicitados a ilustrar o tema num tecido, o qual deu origem a uma colcha de retalho. Os temas trabalhados (diversidade cultural; gênero e sexualidade; violência e discriminação) deveriam ser expressos de forma que pudéssemos refletir sobre nossa atitude diante do mundo, de nós e dos outros. Temos feito diferença para que nosso ambiente seja melhor?

Este projeto foi elaborado e coordenado pelas professoras das disciplinas de Sociologia e Filosofia (Fabíola dos Santos Cerqueira e Icléia Marinho, respectivamente) e foi desenvolvido neste segundo bimestre. Contou com a colaboração da coordenadora Alda.

A colcha de retalho foi exposta na Mostra Cultural da Escola. Também foi feita uma exposição de fotos demonstrando o processo de elaboração da colcha de retalho.


























Da esquerda para a direita: Icléia, Fabíola e Alda. 


Parabéns a todos os alunos pelo empenho e pela criatividade. Valeu, galera!!!

Sociologia no Ensino Médio IV

Em dezembro de 2010 foi realizada 4ª Mostra Cultural da EEEFM Maria Olinda de Oliveira Menezes “Mil e dez saberes”. A seguir alguns exemplos dos trabalhos expostos pelos alunos do turno matutino e noturno.