Consegui
chegar em casa agora depois de ter passado horas de horror em frente a
ALES. Pensei que estava em meio a uma guerra. Tanto ódio, tanta
violência vinda de quem teria por obrigação nos defender. E os policiais
diziam que estavam cumprindo ordens. De quem? Do Imperador? Não pude
entrar na "Casa do Povo" e de troco levei muito gás de pimenta (meus
olhos e narinas ardem até agora). Me livrei das balas de borracha, mas
os estragos das bombas de "efeito moral" não saem da minha mente
(violência psicológica). Vi colegas professores, pais e mães de família,
jovens, idosos, pessoas de diferentes origens correrem da polícia como
se fossem bandidos. Pela primeira vez em minha vida corri da polícia.
Pela primeira vez em minha vida tive medo da polícia. Pois a ordem era
para que "limpassem" a "Casa do Povo".
Vi jovens machucadas, vi pessoas sendo detidas simplesmente por estarem na rua exigindo o DIREITO de entrar num ESPAÇO PÚBLICO.
Vi também policiais sem a identificação na farda. Ah, um coronel a qual pedimos a sua identificação disse que era "ninguém". Interessante, não?
Vi, eu vi que TODA A CONFUSÃO COMEÇOU COM A AÇÃO POLICIAL DE DISPERSAR
OS MANIFESTANTES QUE APENAS QUERIAM AUTORIZAÇÃO PARA ENTRAR NA ALES.
NÃO HOUVE QUEM JUSTIFICASSE A RAZÃO DE NÃO PODERMOS ENTRAR. A RESPOSTA
VEIO COM O SPRAY DE PIMENTA, COM AS BALAS DE BORRACHA E COM AS BOMBAS DE
EFEITO MORAL (QUE IMORALIDADE!!!!).
Espero que os jornalistas
que lá estavam de diferentes emissoras de TV e rádio (que sofreram
também as mesmas pressões que os manifestantes), sejam justos e noticiem
os fatos como os mesmos ocorreram. Senão entrarão para a lista de
vergonha da sociedade (se é que já não estão).
Hoje meu sentimento é de VERGONHA!
VERGONHA DA ALES! VERGONHA DOS PILANTRAS QUE NÃO ME REPRESENTAM.
VERGONHA DA PM. VERGONHA DESSA DEMOCRACIA FAJUTA, ONDE POVO NA RUA É
QUESTÃO DE POLÍCIA.
MAS SAÍ DESSA EXPERIÊNCIA COM UMA LIÇÃO: SÓ USA A FORÇA QUEM NÃO TEM ARGUMENTOS.
Como educadora quero registrar que minha memória é boa e que em 2014
não esquecerei de vocês, traidores do povo. Enquanto formadora de
opinião, como escritora e professora, não deixarei que ninguém esqueça
2013. O ano em que os que dormiam, se juntaram aos que estavam acordados
e deram início à revolução de ideias.
Fabíola Cerqueira, Professora de Sociologia, Mestre em Educação, em 15 de julho de 2013.