Consideramos jovem toda
pessoa com idade entre 15 a 29 anos, de acordo com o que foi
convencionado em 2006, nas diretrizes do Plano Nacional de Juventude
da Câmara Legislativa Federal e do Conselho Nacional de Juventude
(CAMACHO; SANTOS, 2009, p. 14). Como é uma faixa etária ampla, essa
categoria pode ser ainda subdividida da seguinte forma:
15 a 17 anos – jovens
adolescentes
18 a 24 anos – jovens
jovens
25 a 29 anos – jovens
adultos
O Estatuto da Criança e
do Adolescente considerada adolescente os sujeitos com idade entre 12
a 17 anos, logo, há uma parcela dos adolescentes que são
considerados jovens.
O termo juventude iguala
o que essencialmente é diferente. É importante ressaltar que há
diferenças entre as juventudes. Não podemos analisar da mesma
forma, por exemplo, jovens que trabalham e jovens que não trabalham.
Cada um(a) vivencia a sua juventude de uma forma singular. Então,
os(as) jovens devem ser vistos(as) com base nas diferenças
individuais, sociais, culturais e de gênero. Por vivermos numa
sociedade adultocêntrica, incorremos no erro de analisar a juventude
apenas em relação aos interesses dos adultos.
Vivemos numa sociedade de
consumo, onde a cidadania é definida pela quantidade de bens que
podemos adquirir. O cidadão é substituído pelo consumidor.
Ser jovem custa caro e
nem todas as famílias conseguem garantir a esses sujeitos essa
condição, daí que muitos optam pela entrada precoce no mundo do
trabalho. Quando isso ocorre, nós, da escola, temos também que
concorrer com o mundo do trabalho, o qual é muito mais significativo
para o jovem do que a própria escola. A inserção em estágios ou
programas de aprendizagem se dá logo no início da juventude para
boa parte dos jovens das classes populares. É através da bolsa que
recebem que conseguem sentir-se jovens. Conseguem consumir as “coisas
de jovem”, fazer os programas de jovem. Mas nem todos são atraídos
pelo estágio ou pelos programas de aprendizagem. Muitos (e são
muitos e cada vez mais cedo) são cooptados para o tráfico e
deslumbram-se com o que podem ganhar de forma “fácil”. Uma das
característica das juventudes é a ausência do medo do risco.
Gostam de aventurar-se, de viver intensamente e acreditam que nada de
ruim acontecerá com eles. A morte é algo distante.
A escola não é a única
instituição pública existente e nem é salvadora da Pátria,
embora em muitos bairros é a única que efetivamente recebe, sem
discriminação, todos os sujeitos.
Reconhecemos o direito de
todo sujeito estar matriculado na escola, mas isso resolve o problema
de quem? Para quem? Se há um traficante na escola, independente de
sua idade, sem acomanhamento adequado, como garantir a segurança dos
demais que também possuem direito de estar na escola? Como garantir
que outros também não serão cooptados pelo tráfico?
O Conselho Tutelar é um
órgão autônomo, mas financiado pelas prefeituras e ligados à ação
social. Hoje na Serra temos cinco conselhos tutelares. Não atendem a
demanda por falta de recursos humanos e também porque a formação
de muitos não é adequada. Além disso, lidamos como uma rede que
não funciona. O único aparelho público que esses sujeitos conhecem
é a escola. Até quando? O que temos de atrativo para concorrer com
o tráfico? O que os projetos, como o “Juventude Viva”, por
exemplo, oferece aos jovens como opção?
Quem fiscaliza as
políticas públicas criadas para atender as juventudes? São
eficazes? Alcançam seus objetivos? Se alcançam, porque os jovens
continuam morrendo? Temos um Observatório de Segurança Pública no
município. A que ele se destina?
Em 2014 houve uma
tentativa de finalmente ocorrer eleição para o Conselho Municipal
de Juventude, com base numa legislação ultrapassada e, ao meu ver,
totalmente equivocada (Lei 2919, de 21 de
dezembro de 2005;), uma vez que considerada jovem, os sujeitos
com idade entre 16 a 35 anos. A quem essa legislação desejava
atender de fato? Vereador tendo direito de compor conselho da
juventude? Empresário? É preciso estudar, urgentemente a referida
Lei, propor mudanças, aprová-la e fazer valer o Estatuto da
Juventude, garantindo os direitos dos sujeitos jovens.
Por último, minha
intenção aqui seria a de propor a criação de um espaço de
sociabilidade, cultura, lazer, esporte, etc, para atender, o público
jovem, com atividades especificas para cada categoria etária.
E para finalizar, um
trecho da música “Não é sério”, de Charlie Brown Júnior,
morto por overdose, declamado por Negra Li:
"O
que eu consigo ver é só um terço do problema
É o Sistema que tem que mudar
Não se pode parar de lutar
Senão não muda
A Juventude tem que estar a fim
Tem que se unir
O abuso do trabalho infantil, a ignorância
Só faz destruir a esperança
Na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério
Deixa ele viver! É o que liga"
É o Sistema que tem que mudar
Não se pode parar de lutar
Senão não muda
A Juventude tem que estar a fim
Tem que se unir
O abuso do trabalho infantil, a ignorância
Só faz destruir a esperança
Na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério
Deixa ele viver! É o que liga"
Que essa Casa consiga
manter-se focada nas demandas da população dos municípes,
sobretudo, nas juventudes das classes populares, negras e pobres. Que
possamos sair das estatísticas que nos colocam em 1º lugar no
índice de mortalidade de jovens negros no Estado do Espírito Santo,
dentre os municípios com mais de 200 mil habitantes.
“LUTAM
MELHOR OS QUE TEM BELOS SONHOS” (CHE GUEVARA)
Saudações Sociológicas!
Profª Fabíola Cerqueira