segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ah, cambaxirra, se eu pudesse!

Neste início de ano tivemos várias manifestações de estudantes na cidade de Vitória contra o aumento abusivo da tarifa do transporte coletivo (que mais parcece o "navio negreiro da modernidade", tendo em vista as condições de circulação dos passageiros, os quais são submetidos a longas esperas, a superlotação e a total falta de conforto). 
 
Numa delas os ânimos se exaltaram e tivemos um ônibus incendiado. Não sou a favor da violência e me assusta que um grupo de estudantes justifique a ação criminosa de incendiar um ônibus com pessoas dentro dizendo que a violência foi iniciada pela polícia. Uma ação abusiva não pode justificar outra. Mas esta é a face feia da história. A que dá ibope para a mídia sensacionalista. É a que quer descaracterizar a beleza do movimento estudantil. E não é sobre ela que quero me deter.


Quero me remeter neste momento a linda história de Ana Maria Machado, "Ah, cambaxirra, se eu pudesse!", para que possamos refletir sobre a participação popular na luta por seus direitos. Na referida história, uma humilde cambaxirra (um pássaro) percorre uma cadeia hierarquica até chegar ao imperador na tentativa de salvar a árvore em que construirá seu ninho. O imperador inicialmente irredutível só cede à reivindicação da cambaxirra quando ela ameaça chamar TODO MUNDO. E de TODO MUNDO JUNTO o imperador tem medo.



Acredito que um mundo mais justo será construído na medida em que tomarmos consciência da força que juntos podemos exercer contra os que nos oprimem. 

E é esse movimento que os estudantes tentam fazer. Querem mostrar à população a importância da união de forças. Querem mostrar que a questão do transporte coletivo é muito mais complexa do que se apresenta e que não atinge apenas aos estudantes, mas a todos os trabalhadores que utilizam o transporte coletivo. É preciso (re)discutir a mobilidade urbana, a falta de ônibus, a superlotação, enfim, toda a precariedade do sistema de transporte público que nos impede de circular ou nos faz circular em condições precárias.

 





Penso que precisamos apoiar este movimento e abrir os olhos para não "cairmos na conversa" do opressor e passar a criminalizar o movimento estudantil. Afinal, de que lado você está?






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