sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

NATAL: TEMPO DE REFLEXÃO

É justamente nesta época do ano que as pessoas revelam todo o seu consumismo. A crença no bom velhinho (materialização do capitalismo), faz com que as pessoas se esqueçam do verdadeiro espírito de Natal e transformem este momento de reflexão e de oração em mais uma festa. As lojas ficam abarrotadas e os comerciais de TV nos fazem crer que esta data se processa da mesma forma em todas as famílias, que todas as crianças irão receber presentes, que todas as mesas são fartas. É difícil imaginar que ao mesmo tempo em que há mesas repletas de comida e bebida, existam tantas pessoas no mundo (e às vezes tão próximas de nós) desprovidas do básico para viver.

Como é difícil educar um filho neste mundo, onde a todo o instante o apelo do consumo, da cultura do ter, em detrimento do ser, se faz presente. Um mundo vazio de amor, de perdão, de solidariedade, mas repleto de ganância, de individualismo e de intolerância.

A televisão é um meio de comunicação que influencia os hábitos das crianças e, contribui, para a construção de necessidades, tanto dos pequenos, quanto dos adultos. Passamos a ver a felicidade do Natal atribuída à possibilidade de consumo. Na lógica neoliberal, aliás, cidadão é aquele que consome. Aqueles que não podem consumir, a partir dessa lógica, são colocados à margem, pois é o consumo que sustenta o capitalismo.

Com a proximidade do Natal percebemos também que as pessoas tornam-se mais sensíveis ao sofrimento alheio. É comum, nesta época, os orfanatos e asilos receberem muitas doações e visitas. Não sou contra às doações nem às visitas, mas penso que deveríamos ser sensíveis mais vezes ao ano. A solidariedade significa ruptura com a lógica neoliberal e a redistribuição das riquezas, com o intuito de diminuir as desigualdades sociais. Infelizmente, confundimos solidariedade com caridade e doamos o que nos sobra, mais como uma satisfação pessoal ou para expiar nossos pecados do que uma preocupação com o outro.

O Planeta Terra pede socorro! Sabemos que toda essa mudança climática, essa instabilidade do tempo, que tem causado muito sofrimento, principalmente às famílias mais pobres, é "culpa" do ser humano, de sua ganância. Em nome do desenvolvimento econômico, o homem tem causado males irreversíveis ao meio ambiente. Enquanto os estragos não começarem a atingir as camadas médias da sociedade, a questão ambiental será relegada ao segundo plano. Como já disse anteriormente, a sociedade capitalista necessita de consumidores para escoar a sua produção. Se houver um despertar da população para um consumo consciente e para uma reavaliação de suas necessidades, talvez ainda haja tempo para o planeta.

Nesta época procuro sempre refletir sobre o que fazemos com o nosso tempo, quais pessoas valorizamos, qual o tempo que dedicamos aos amigos, à família... qual é, de fato, a nossa prioridade?

Hoje, escravos do tempo e da tecnologia (abolimos as correntes, mas somos monitorados pelo celular), não nos damos conta de que a vida é mais que acúmulo de bens materiais... é mais que trabalho, é mais que dinheiro. Quantos de nós cultivamos o hábito de ler para/com os filhos? Quantos de nós dedicamos parte do tempo para brincar com os filhos, contar piadas, olhar as estrelas, admirar o nascer e o por do sol?

Que neste Natal, além dos presentes e da ceia, haja espaço para agradecimento, perdão, amor, solidariedade, fé e reflexão.

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