quarta-feira, 24 de outubro de 2012

E assim é a vida?

Fabíola dos Santos Cerqueira

Minha noite tinha tudo para terminar perfeita, pois hoje comemoramos o aniversário de 80 anos da minha avó, mas infelizmente, vivi uma situação que jamais imaginei viver ao tentar ajudar uma pessoa no meio da rua.

Estava indo para a casa da minha avó e passei na casa da minha tia, em Barcelona (Serra), quando me deparei, na esquina, um homem caído no chão que por pouco eu não atropelo. Desviei o carro, parei em frente a casa da minha tia e liguei para 192.

A atendente queria saber o que a pessoa tinha. Eu disse que não sabia. Que ele estava caído no chão, inconsciente a princípio. Disse que havia parado o carro longe do corpo e ela queria que fosse lá sacudir o moço para ver se ele reagia.

Me passou a ligação para a "doutora" que insistia que eu mexesse no corpo. Disse que se fosse cachaça ela não podia fazer nada. Fui até o corpo e lá estava um policial conversando com o homem que já não estava mais na rua.

Quando a médica ouviu a voz dele disse "que pela voz ele estava bêbado". Perguntei então: "Se for bebida não se pode fazer nada por ele?" Ela disse que não. O policial disse a mesma coisa. Tirou ele da rua e disse para ele ficar na calçada até melhorar e poder ir embora. Eu falei sobre o perigo dele ficar caído no meio da rua e o policial disse que se ele fosse atropelado aí sim o SAMU poderia ser acionado. Neste momento eu chorei. Se eu tivesse atropelado aquele homem eu iria para a delegacia ao invés do aniversário da minha avó, mas ele ia receber os mínimos cuidados de que necessitava, pois estava com o rosto todo ferido. Perguntei ao policial: se não é questão de saúde? Se não é questão de polícia, é questão de quê? E ele disse que se eu conhecesse a família dele podia pedir que fossem buscá-lo.

A "doutora" que fez o atendimento por telefone não quis se identificar, embora a primeira pergunta que eles fazem quando atendem o telefone no SAMU é o nosso nome. Isso ocorreu ontem, 23/10/2012, por volta das 18:30h.

O moço que estava caído é morador antigo de Barcelona. Já está naturalizado que o final dele será trágico...ninguém mais se importa. Ninguém mais vê. Ele é invisível aos olhos da saúde, da polícia e dos moradores daquela região.

Saí dali arrasada, chorando muito de dó daquele pobre ser humano...

E fui comemorar os 80 anos de minha linda avó, como se nada tivesse acontecido...porque assim é a vida.

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