sábado, 25 de abril de 2009

O invisíveis de nossa sociedade

Nesta semana, enquanto me encaminhava para a escola em que estou desenvolvendo minha pesquisa de campo, fui surpreendida com uma situação bastante constrangedora. Próximo a escola, localizada num bairro da cidade de Vitória, tem uma padaria e, quase todos os dias, me deparo com um senhor, com uma aparência suja na porta da mesma. Como sempre paro nesta padaria para comprar alguma coisa antes de ir para a escola, já percebi que os funcionários da padaria já conhecem o referido senhor e sempre lhe dão café. Porém, quarta-feira, 22 de abril, ao sair da padaria vi que, além do senhor de sempre havia um outro que esbravejava contra uma das funcionárias do caixa: "Sua branquela, você não pode fazer isso comigo! Existem mais moradores de rua do que trabalhadores! Existem mais pobres do que ricos! Você ainda vai ser demitida!"
Não fiquei lá tempo suficiente para ver o desfecho da história, mas confesso que essa situação me incomodou durante todo o dia. Na avenida Fernando Ferrari existe uma família de moradores de rua dormindo nas calçadas. Já passei por eles e confesso que senti medo. Só depois parei para pensar na situação daquelas pessoas. Num primeiro momento a única coisa que consegui sentir foi medo. Fiquei pensando se aquele senhor que, aparentemente, havia sofrido alguma forma de discriminação na padaria fazia parte daquela família que vi dormindo nas ruas. Fiquei pensando na reação da moça quando ele entrou na padaria. Provavelmente foi a mesma reação que eu teria se fosse abordada por ele. Fiquei pensando também na reação dos clientes da padaria diante daquela situação.
O fato é que há uma parcela de nossa população que é marginalizada e que só ganha visibilidade a partir do medo. Enquanto estão distantes e não ameaçam a nossa "paz", não fazemos a menor questão de enxergá-los.

Um comentário:

  1. Gostei de como vc colocou a invisibilidade dos moradores de rua, eles sempre me incomodaram, não que eu tenha medo, na maioria das vezes, eu só sinto pena e me dá uma sensação horrível de inutilidade, pois não consigo sair do meu mundinho de conforto e oferecer algo mais a essas pessoas. Enfim, elas me incomodam porque me mostram o quanto eu sou egoísta.

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