Fabíola dos Santos Cerqueira
E-mail: cso.especialista@yahoo.com.br
Entre os dias 11 e 18 de janeiro de 2013 aconteceu no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o IV CONECS (Conselho Nacional de Estudantes de Ciências Sociais). O evento contou com representação de estudantes de todas as regiões do Brasil. Uma das pautas do encontro foi o debate sobre a Sociologia no Ensino Médio. O objetivo era analisar os desafios que surgiram com o retorno da Sociologia no currículo do Ensino Médio, assim como as implicações para as universidades e para as escolas de Educação Básica. Isso porque ao longo dos anos, a partir do contexto político, social e econômico a Sociologia esteve presente ou ausente dos currículos escolares. Durante a ditadura militar, tivemos a substituição dessa disciplina por “Educação Moral e Cívica” e “Organização Social e Política do Brasil”, que tinham por interesse apenas “educar” a população a não enxergar os desmandos do regime autoritário.
A perspectiva atual é discutir em rede nacional “o que e como ensinar” Sociologia no Ensino Médio, envolvendo os sindicatos dos professores e universidades (que não podem se furtar dessa discussão). Não está em pauta ensinar ou não Sociologia. A obrigatoriedade da disciplina já é lei. Mas não dá para continuar admitindo que profissionais de outras áreas façam complementação pedagógica em apenas seis meses (à distância em alguns casos) e concorram com igualdade com quem fez a Licenciatura em Ciências Sociais ou Sociologia. Ou que Pedagogos e/ou Assistentes Sociais tenham prioridade em relação aos estudantes de Ciências Sociais/Sociologia.
Os currículos dos cursos de licenciatura em Ciências Sociais/Sociologia precisam ser reavaliados. A inclusão de disciplinas como Sociologia da Juventude e Sociologia da Escola são de extrema relevância para que o futuro professor compreenda o sujeito com o qual vai trabalhar no Ensino Médio e que tenha condições de refletir teoricamente a complexidade do que é a escola pública hoje. Outra questão que merece destaque é o estágio supervisionado que tem papel central na formação do docente, pois é através dele que o futuro professor poderá refletir sobre sua prática.
Por que não menos aulas de Matemática e Língua Portuguesa e mais aulas de Sociologia? Por que não Sociologia como disciplina obrigatória para quem faz vestibular para Ciências Sociais?
Queremos romper com a hegemonia. Queremos uma educação que valorize os conhecimentos historicamente acumulados e que haja equidade entre esses conhecimentos. Durante anos as Ciências Exatas são valorizadas e reconhecidas socialmente como mais importantes, mas ainda configura como justificativa para os maiores índices de reprovação escolar.
O cenário não é bom nem aqui nem em outros estados, mas vi jovens no IV CONECS com um brilho no olhar, com vontade de ser e fazer a diferença em nome da EDUCAÇÃO. Isso reascende a esperança de que um mundo melhor está sendo construído a cada dia. Após 10 anos de graduada consegui compreender neste evento o que Frei Betto disse no livro Sobre a Esperança (em diálogo com Mario Sergio Cortella), sobre a diferença entre o tempo pessoal e o tempo histórico. É possível que no meu tempo pessoal não consiga ver as mudanças que tanto sonho ver na educação. Mas aposto nesta nova geração e acredito que o futuro será melhor que o presente e me orgulho de poder fazer parte desse movimento de resistência contra a precarização da Educação e em especial do Ensino de Sociologia no Ensino Médio.
Muito bom Fabíola!
ResponderExcluirVALEU FABIOLA, PRECISAMOS LUTAR POR ESTA CAUSA NOBRE. PARABENS PELO TEXTO.MUITO BOM. APROVADO COM ÊXITO PELA PLENÁRIA.
ResponderExcluirObrigada Thiago Martins!
ResponderExcluirLúcia, aquela galera me fez um bem danado. A força da juventude nos impulsiona, nos faz vibrar e acreditar. Espero que possamos manter contato e das continuidade às lutas que estão apenas começando.
Adorei seu texto, Fabíola! Me fez sentir a mesma força que teve a sua fala no CONECS!
ResponderExcluirMuito bom o texto Fabíola! E sua fala no Conecs como a Maria disse acima, demonstrou força e nos deu 'gás', para nós lutarmos mais para legitimarmos nosso espaço.
ResponderExcluirMaria e Camila fico muito feliz que tenham gostado do texto, pois queria poder concretizar aquele momento no CONECS que acredito tenha sido importante para todos nós. A pubicação do texto num jornal de circulação regional é muito bom, pois vai fazer com que outras pessoas se agreguem à nossa luta. Mas precisamos ter em mente que não será fácil o diálogo nem com a universidade nem com as secretarias de educação. Por isso precisamos fortalecer nossos argumentos nos reunindo e dialogando pelos meios possíveis, inclusive as redes sociais. Fui aprovada no concurso da SEDU e voltarei a lecionar Sociologia como disse a vocês. Acredito muito nos jovens, nas suas potencialidades...daí gostar tanto de estar entre jovens (rs). A força da minha fala como vocês disseram veio da energia positiva que recebi...estávamos em sintonia! Obrigada.
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