sábado, 22 de janeiro de 2011

Conversando sobre sexualidade com jovens


Sexualidade não é só sexo. A sexualidade se desenvolve ao longo da vida. Encontra-se marcada pela cultura, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se com singularidade em cada sujeito. Falar de sexualidade é, ao mesmo tempo, falar do individual e do cultural: crenças, valores, emoções. Sexualidade tem a ver com desejo, busca de prazer inerente a todo ser humano. 

É uma forma de expressão, comunicação e afeto. Sexualidade se expressa a todo momento, em cada gesto, atitude e comportamento. Essas experiências nos fazem amadurecer e nos enriquecem, preparando-nos para o encontro com o outro, para a intimidade e o vínculo afetivo.

Mudanças comportamentais dos jovens no contexto social atual e o desconhecimento que eles apresentam em assuntos relacionados à sexualidade; a idéia de que as DSTs/AIDS estão associadas apenas aos homossexuais masculinos, usuários de drogas e prostitutas; a gravidez precoce, mostram a necessidade de se trabalhar junto à comunidade escolar à fim de que ela tenha acesso a informação, educação e promoção da saúde, principalmente porque o jovem acredita que as coisas acontecem com os outros mas não com ele.

Podemos observar que o comportamento sexual hoje é diferente do passado e segundo vários autores estudados, a transformação dos padrões de relacionamento sexual ocorrerá se essa educação for uma prática de autonomia entendida como desenvolvimento de atitudes e valores próprios e da consciência de que cada um pode e deve fazer escolhas pessoais e responder por elas. Dessa forma, a orientação sexual deve ser um momento de instrumentalização para a vida sexual e não apenas discorrer sobre itens de comportamentos preventivos.

O projeto “JUVENTUDE, SEXUALIDADE E AFETIVIDADE: construindo novas relações sociais”, teve início no dia 27 de agosto, com jovens alunos(as) do terceiro ano da EEEFM Maria Olinda de Oliveira Menezes, localizada em Cidade Continental, município de Serra/ES. Os encontros com os(as) jovens aconteceram uma vez por semana, nas aulas de JET – Juventude, Educação e Trabalho.

O primeiro passo foi passar o documentário "Meninas", que gerou um debate bem interessante e me deu pistas de que eles não tinham tantas informações quanto achamos. A seguir trabalhei uma técnica sobre vulnerabilidade. 

Passei o vídeo "Uma vezinha só" e o debate pegou fogo!! Neste dia eles me disseram que estavam cansados de projetos sobre sexualidade que só falavam o que eles já sabiam. Disseram também que não é fácil falar sobre suas dúvidas. Foi então que combinamos de levar uma caixa para a sala de aula onde eles depositariam suas dúvidas. E foram muitas dúvidas, principalmente sobre prevenção a gravidez e doenças, dúvidas sobre preservativos. Comecei então a tirar as dúvidas deles, respondendo, na medida do possível, suas dúvidas e aprofundando algumas questões. 

Em parceria com a pedagoga da escola, tentamos uma aproximação com a unidade de saúde, mas não obtivemos sucesso. Encontramos profissionais desinteressados e preconceituosos. O jovem é visto de forma estigmatizada e não há planejamento para atendê-los na unidade de saúde do bairro. Pensam que atender adolescente é disponibilizar um ginecologista. O jovem é visto por eles somente através da gravidez... pode? Na verdade, apenas a menina é vista (pelo viés da gravidez). O menino é totalmente invisível.

Meu relacionamento com a turma melhorou muito... e as alunas passaram a me procurar para falar sobre suas dúvidas, sobre seus relacionamentos afetivos. Ganhei a confiança delas. O projeto foi encerrado em dezembro.

Valeu, galera!!!!  Saudações sociológicas!

5 comentários:

  1. Eii Fabi, como vai?

    Bom, discutir o tema sexualidade com o jovem é um desafio. Tem que ter disposiçao em trocar, rever conceitos, discutir tabus, desconstruir e reconstruir posicionamentos radicais, dentre outros...

    Parabéns amiga pela bela iniciativa!

    Abraços,


    Thadeu

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  2. É verdade, Thadeu. Aprendi muito com esse trabalho. Obrigada pelo incentivo.

    Fabíola.

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  3. onde consigo fazer o download do curta Uma vezinha só?

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Oi Fabiola, já havia procurado e não encontrei... poderia me mandar o link, por favor? Grata

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