sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobre a violência escolar


Há algum tempo venho estudando a problemática da violência no contexto escolar, abordando-a na perspectiva do estudante, preocupada com as relações de poder existentes naquele espaço. No entanto, nunca perdi de vista que as relações entre estudantes e professores poderiam se dar de formas desiguais tanto tendo o professor como elo “superior” quanto o aluno. Ou seja, ao mesmo tempo em que presenciamos estudantes sendo vítimas de violência por parte de professores cujas posturas são autoritárias e inflexíveis, temos também professores sendo vítimas de estudantes que utilizam da coação, da ameaça e da intimidação.

Recentemente eu passei por esta situação e devo confessar que a experiência não foi nada agradável. Um aluno não alcançou a média trimestral (daí ter ficado em recuperação), não gostou e saiu pelos corredores da escola proferindo a seguinte frase “Não vou deixar baixo!”. Os pais foram chamados à escola e o jovem de 17 anos admitiu que realmente falou, no entanto, não soube explicar o que queria dizer, no que o pai ajudou: “Vai bater na professora? Vai arranhar seu carro? O que vai fazer, meu filho?” Mas ele não sabia dizer. Quando se sentiu pressionado levantou-se e começou a me xingar e a fazer novas ameaças.

Durante todo o ano letivo esse jovem mostrou-se não adequar-se às normas da escola. Colocou bomba no banheiro da escola, “matava” aula, furtou objetos de professores, colocou “tachinhas” na cadeira de professores e, por fim, fez ameaças. Não há uma política que perceba essas ações como de responsabilidade da escola. Acabam sendo individualizadas nas supostas “vítimas”. Assim, se ele furtou um objeto de um funcionário, o problema deve ser resolvido por este funcionário, mesmo que o furto tenha se dado na escola. Se ele colocou “tachinhas” na cadeira da professora e a ameaçou, ela deve registrar um “B.O. para se prevenir”. Não há ações pensadas pelo/para o coletivo.

Não vou aqui discutir as supostas razões que levaram o jovem a me ameaçar. Sinceramente esperava que fosse possível o diálogo, que ele expusesse suas razões, mas, ao contrário, a tentativa de diálogo fez um “estrago” maior, uma vez que ele reforçou as ameaças.

Aqui quero apenas destacar que o professor, quando desrespeitado no exercício de sua profissão sente-se só. E é uma solidão estranha, pois em alguns momentos é visto como causador de sua própria dor. É importante termos em vista que a violência não pode ser analisada de forma unilateral. Há que se avaliar todos os lados e garantir atendimento/acolhimento para todos os lados envolvidos sejam alunos ou professores.

4 comentários:

  1. Oi Fabíola, boa noite!
    Fico muito triste pela situação que relatou ter vivenciado. Diante desse tipo de episódio é que, cada vez mais, acredito na importância do profissional pedagogo. Não que seja possível dar conta de resolver todos os problemas de violência na escola, mas pelo menos mediar o conflito evitando maiores desgastes na importante relação professor X aluno.
    É realmente uma situação lamentável, amiga!

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  2. O pedagogo é realmente um profissional importante na escola. No episódio descrito tive o apoio da pedagoga, tentando mediar o conflito junto ao aluno e sua família. Infelizmente, neste caso, não houve sucesso, pois antes deste episódio, outros já haviam acontecido. Mas penso que o apoio/acolhimento tem que ser institucional, envolvendo a comunidade escolar.

    Já passei por outras situações onde a intervenção da pedagoga restaurou o diálogo. Foi excepcional!

    Valeu pelo apoio.

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  3. Jéssica , Ariane - 2m-1725 de julho de 2011 às 03:46

    O respeito entre aluno e professor deve sempre existir, embora muitas vezes isso não ocorra. Várias vezes vemos nos jornais situações de agressão física, verbal... de alunos contra professores e o inverso também. É uma situação que tem se mostrado comum hoje em dia. Para que essa situação possa mudar, tem que haver diálogo entre as partes sempre que possível para que se possa resolver a situação da melhor maneira possível!

    Jéssica M Lacerda
    Ariane R. Camargo 2M-17

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  4. Keilly e gisele 2m 1725 de julho de 2011 às 03:56

    Hoje em dia, a violência dentro dos setores escolares anda sendo bem frequente entre alunos e também "professores, diretores e inclusive cordenadores da escola publica". Esse abuso de autoridade e falta de respeito com os alunos e professores... essa violência anda sendo praticada no dia a dia.

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